No dia 7 de Fevereiro, pelas 16 horas, decorreu no Cais Cultural AMC uma Palestra sobre José do Telhado e António Nobre, por José Mário Carvalho.
O intuito foi dar a conhecer duas figuras ligadas a Caíde de Rei, embora ao contrário de José do Telhado que cá se casou, viveu e teve filhos, António Nobre apenas passava por Caíde aquando da sua visita à família, porém no seu livro Só vem evocada a terra Caíde de Rei.
Foi uma tarde interessante e enriquecedora.
(7 de Fevereiro de 2010)
O José do Telhado, o sargento condecorado, elevado à categoria de herói, entronizado pela realeza, querido pelos seus conterrâneos, amado pela sua mulher e filhos, revoluciona a época e introduz um tema original e único: "onde está a justiça social?" As respostas sociais?
António Meireles (Presidente da Junta de Freguesia de Caíde de Rei)
Canção da Felicidade
Felicidade! Felicidade!
Ai quem ma dera na minha mão!
Não passar nunca da mesma idade,
Dos 25, do quateirão.
Morar, mui simples, nalguma casa
Toda caiada, defronte o Mar;
No lume, ao menos, ter uma brasa
E uma sardinha pra nela assar...
Não ter fortuna, não ter dinheiro,
Papéis no Banco, nada a render:
Guardar, podendo, num mealheiro
Economias pró que vier.
Ir, pelas tardes, até à fonte
Ver as pequenas a encher e a rir,
E ver entre elas o Zé da Ponte
Um pouco torto, quase a cair.
Não ter quimeras, não ter cuidados
E contentar-se com o que é seu,
Não ter torturas, não ter pecados,
Que, em se morrendo, vai-se prò Céu!
Não ter talento; suficiente
Para na Vida saber andar,
E quanto a estudos saber somente
(Mas ai somente!) ler e contar.
Mulher e filhos! A Mulherzinha
Tão loira e alegre, Jesus! Jesus!
E, nove meses, vê-la choquinha
Como uma pomba, dar outra à luz.
Oh! grande vida, valha a verdade!
Oh! grande vida, mas que ilusão!
Felicidade! Felicidade!
Ai quem ma dera na minha mão.
António Nobre 1892
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